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Ayahuasca: Existe risco de morte?

Atualizado: 2 de nov. de 2024


Ayahuasca morte


Quando se fala sobre a Ayahuasca, uma das principais preocupações das pessoas que estão considerando participar de um ritual é o medo de morrer.


Esse medo geralmente se manifesta como receio de overdose, reações adversas ou até mesmo a perda de controle sobre o corpo e a mente.


Embora os casos de morte diretamente relacionados à Ayahuasca sejam raros, eles geralmente envolvem fatores externos, como o uso inadequado da substância, consumo em ambientes não supervisionados ou a combinação com medicamentos incompatíveis, como antidepressivos.


O uso do chá de ayahuasca, do ponto de vista toxicológico, pode causar problemas como a desidratação, que ocorre devido a náuseas, vômitos e diarreia que muitas pessoas relatam.


Um dos efeitos mais sérios do consumo é a síndrome serotoninérgica, condição potencialmente grave que ocorre quando há um excesso de serotonina no cérebro.


Os sintomas podem incluir confusão, agitação, febre, sudorese, tremores e aumento da frequência cardíaca. Essa síndrome pode ser desencadeada por medicamentos ou substâncias que aumentam os níveis de serotonina, como certos antidepressivos, mas também pode ocorrer com o uso de ayahuasca.


O que é Ayahuasca e como ela atua no organismo


A Ayahuasca é uma infusão poderosa feita da combinação de plantas, sendo que a principal é o cipó Banisteriopsis caapi, rico em β-carbolinas como harmina, tetrahidroharmina (THH) e harmalina.


Outro ingrediente comum é a Psychotria viridis, que contém DMT (N,N-dimetiltriptamina), uma substância psicoativa que induz experiências visionárias.


Esses compostos trabalham juntos: as β-carbolinas inibem a degradação da DMT pelo sistema digestivo, permitindo que seus efeitos psicodélicos sejam sentidos.

Nos últimos anos, a ciência tem investigado o uso da Ayahuasca em contextos terapêuticos. Estudos indicam que a DMT e os alcaloides presentes na Ayahuasca podem ter benefícios no tratamento de depressão, ansiedade, e no auxílio à desintoxicação de vícios.


Outros estudos apontam o potencial neuroprotetor contra doenças como Alzheimer e Parkinson, além de possível aplicação em processos de cura emocional e espiritual.


A experiência psicodélica da Ayahuasca também é estudada por seu potencial para reestruturar redes neurais, oferecendo novas perspectivas emocionais, comportamentais e espirituais aos usuários.


A integração dessas descobertas no campo da medicina moderna está em andamento, revelando promessas no tratamento de doenças mentais e degenerativas.


Existe risco de morte?


O chá da Ayahuasca vem sendo utilizado milenarmente por índios da América do Sul, como parte de rituais espirituais profundos e práticas religiosas.


No século passado, grupos religiosos não-indígenas começaram a utilizar a Ayahuasca, o que resultou em um aumento significativo de seu consumo após sua liberação para fins religiosos no Brasil.


O chá contém alcaloides que provocam efeitos como alucinações e reações físicas, como hipertensão e náuseas. Embora o chá provoque intensas reações, não há riscos significativos de morte quando conduzido de forma adequada por pessoas experientes.


Outro fato relevante que deve ser observado com cuidado, por quem pretende participar dos rituais e pelos dirigentes da casa que recebem as pessoas, é o histórico de saúde do participante.

Pessoas com histórico médico e psicológico, especialmente aqueles com condições psiquiátricas, devem evitar o consumo de Ayahuasca devido aos riscos associados.


O chá contém substâncias que podem desencadear alucinações intensas e efeitos adversos, como surtos psicóticos, agravamento de quadros depressivos ou ansiosos e risco de descompensações graves.


Para quem já possui um quadro de vulnerabilidade mental ou emocional, o impacto do chá pode ser imprevisível e perigoso, sendo essencial uma avaliação médica prévia e o acompanhamento especializado para minimizar esses riscos.


Quando comparamos a Ayahuasca a substâncias amplamente consumidas no mundo moderno — como álcool, tabaco, ou drogas recreativas —, é notável que o histórico de fatalidades documentadas relacionadas à Ayahuasca seja extremamente raro.


Os efeitos adversos como náuseas, vômitos, e diarreia, embora desconfortáveis, são geralmente considerados parte do processo de purificação do ritual.


Entretanto, isso não significa que os riscos devem ser ignorados. Profissionais da saúde e pesquisadores continuam estudando seus efeitos, especialmente em pessoas com condições preexistentes, para garantir que o uso do chá, mesmo em contextos religiosos, seja o mais seguro possível.


Quando conduzido com o devido cuidado e em ambientes ritualísticos adequados, o consumo de Ayahuasca tem sido, ao longo de séculos, uma prática de baixo risco em comparação com muitas outras substâncias.


Casos de morte relacionados à ayahuasca


No Brasil, nos últimos anos, três casos famosos reacenderam o debate sobre a segurança do consumo de Ayahuasca.

Em agosto de 2024, em um ritual do Santo Daime, em Macacos, distrito de Nova Lima, Minas Gerais, um homem de 68 anos faleceu após sofrer um ataque cardíaco fulminante. O corpo foi encontrado dentro do salão da igreja, sem nenhum sinal de violência.


De acordo com relatos, o idoso participava da cerimônia na madrugada quando consumiu ayahuasca. Pouco tempo após a ingestão do chá, ele começou a passar mal e não resistiu.


Testemunhas informaram à Polícia Militar que o homem tomava medicamentos controlados, o que levanta questões sobre a segurança e o cuidado com a saúde dos participantes que participavam da cerimônia.


Em 2022, Micael Amorim Macedo, ator e dançarino de 26 anos, morreu durante um ritual de ayahuasca.


O episódio ocorreu em uma chácara em São Sebastião, no Distrito Federal. Após consumir três doses da bebida, Micael passou por um surto psicótico, apresentando confusão mental e ameaçando se jogar em uma fogueira.


Em um momento crítico do surto, os responsáveis pelo ritual aplicaram três doses de rapé em Micael, o que é absolutamente inadequado em momentos de crise ou peia, que em seguida desmaiou e morreu, supostamente devido a uma parada cardiorrespiratória.


Sua companheira, Jaynah, mencionou que ele apresentava instabilidade emocional. Apesar de ter preenchido uma ficha de anamnese revelando uma cirurgia cardíaca na infância e consumo de álcool na semana anterior à sessão, essas informações foram ignoradas pelos responsáveis. A falta de cuidados adequados e a permissividade em sua participação na cerimônia contribuíram para essa situação.


Micael Amorim de Macedo ayahuasca morte
Micael Macedo - Imagem publicada na internet

Outro caso de grande repercusão foi o de Rian Brito, neto de Chico Anysio, compartilhado por seu pai, Nizo Neto, em um podcast.


Rian foi encontrado morto em 2016 na Praia de Quissamã, no Rio de Janeiro. Ele começou a apresentar sintomas de esquizofrenia após consumir ayahuasca e precisou ser internado em uma clínica.


Rian buscou por rituais de ayahusca para lidar com uma perda amorosa. Nizo contou que lá pela terceira ou quarta cerimônia, ele surtou. Disse que teria uma missão e não poderia mais comer. Começou a emagrecer drasticamente dizendo que, se fosse comer, estaria traindo Deus. Ao questionar o filho sobre as supostas traições a Deus, o rapaz fazia afirmações sem fundamento.


O rapaz foi encontrado morto na praia após alguns dias desaparecido, já em estado de decomposição.

Na época, tanto Nizo quanto a ex-esposa, a atriz e cantora Brita Brazil, associaram a morte do filho à mudança de comportamento dele após o consumo do chá.


Rian Brito ayahuasca morte
Rian Brito - Imagem publicada na internet

A Importância de um Ambiente Seguro


A maioria dos casos fatais registrados envolveu o consumo de Ayahuasca em locais sem as devidas precauções ou com a ingestão de substâncias não controladas.


Um estudo da Universidade de São Paulo sugere que o ambiente em que o chá é consumido desempenha um papel crítico na experiência. Cerimônias mal conduzidas podem resultar em episódios de pânico, desorientação, ou em situações mais graves, em danos físicos e psicológicos.


Por isso, é fundamental que o consumo da Ayahuasca ocorra em um ambiente seguro, sob a supervisão de facilitadores experientes, que saibam lidar com as possíveis reações físicas e emocionais.


A "Morte" do Ego


A morte física relacionada ao consumo da Ayahuasca é extremamente rara e, quando ocorre, normalmente envolve fatores externos.


O verdadeiro foco da Ayahuasca está na morte simbólica, que representa uma transformação interna, permitindo a quem a consagra um aprofundamento espiritual e psicológico significativo.


O ritual bem conduzido oferece uma oportunidade de cura, autoconhecimento e conexão com dimensões profundas do ser, que, quando compreendidas, dissipam o medo da morte e trazem uma nova perspectiva de vida.


Esse caminho espiritual requer respeito, preparação e um compromisso com a verdade pessoal, sempre sob a orientação segura de especialistas capacitados.


De um ponto de vista psicológico e espiritual, muitas vezes o que "morre" durante um ritual de Ayahuasca é o ego.


Este fenômeno, conhecido como dissolução do ego, é descrito por muitos participantes como uma experiência de renascimento.


Segundo o psiquiatra Stanislav Grof, essa perda temporária da identidade pode ajudar as pessoas a superar traumas e barreiras psicológicas, levando a um maior autoconhecimento e a um estado de paz interior.


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