Cerimônias com Ayahuasca se popularizam em São Paulo
- Ana Cabral
- 6 de out. de 2024
- 4 min de leitura
Atualizado: 2 de nov. de 2024

A ayahuasca, um chá psicoativo tradicional da Amazônia, tem encontrado um novo espaço nas grandes cidades, especialmente em São Paulo. Este movimento não se restringe apenas à busca por experiências espirituais, mas também inclui aplicações terapêuticas em contextos urbanos.
Em São Paulo, diversos grupos e centros têm adotado a ayahuasca como parte de seus rituais, muitas vezes se distanciando das tradições originais do Santo Daime e da União do Vegetal (UDV).
Esses novos grupos, denominados "neo-ayahuasqueiros urbanos", misturam práticas de cura alternativa, terapias holísticas e elementos da cultura new age, reinterpretando a experiência da ayahuasca em um contexto contemporâneo.
Além da espiritualidade, a ayahuasca é utilizada como uma forma de tratamento terapêutico, especialmente entre pessoas em situação de vulnerabilidade, como moradores de rua com dependência química.
Estudos indicam que os rituais envolvendo a ayahuasca ajudam os participantes a refletirem sobre suas vidas e a entenderem as causas de seus problemas, contribuindo para processos de autoconhecimento e transformação pessoal.
Entretanto, é fundamental destacar que a prática em ambientes urbanos deve ser acompanhada de cautela. O contexto ritual e o acompanhamento adequado são essenciais para minimizar riscos e maximizar os benefícios terapêuticos da experiência.
A Popularização da Ayahuasca em São Paulo
Nos últimos anos, a ayahuasca tem conquistado um espaço significativo na cidade de São Paulo, atraindo pessoas em busca de autoconhecimento, cura emocional e espiritualidade. Essa popularidade pode ser atribuída a uma combinação de fatores culturais, sociais e de saúde.
Crescimento do Interesse Espiritual
O aumento do interesse por práticas espirituais alternativas, especialmente entre os jovens, contribuiu para a popularidade da ayahuasca. Muitos estão buscando experiências que promovam uma conexão mais profunda com a espiritualidade e o autoconhecimento, afastando-se de práticas religiosas tradicionais.
O conceito de "cura espiritual" associado à ayahuasca atrai aqueles que buscam respostas para questões existenciais, como ansiedade, depressão e estresse.
Mídia e Cultura Popular
A presença da ayahuasca na mídia e em produções culturais tem sido um fator crucial para sua disseminação. Documentários, livros e até filmes que abordam a experiência com a ayahuasca ajudaram a desmistificá-la, apresentando-a como uma ferramenta legítima para o desenvolvimento pessoal.
Acesso Facilitado
O acesso a rituais de ayahuasca em São Paulo aumentou significativamente. Diversos centros e comunidades, muitas vezes relacionados a tradições indígenas, começaram a oferecer cerimônias de ayahuasca em ambientes urbanos.
A facilidade de participar dessas experiências, muitas vezes em um ambiente seguro e acolhedor, atrai mais pessoas, permitindo que experimentem a bebida sem a necessidade de viajar para regiões remotas da Amazônia.
Validação Científica
Estudos científicos sobre os efeitos da ayahuasca têm contribuído para a legitimação de sua utilização como ferramenta terapêutica.
Pesquisas indicam que a ayahuasca pode ajudar na redução de sintomas de depressão e ansiedade, promovendo um estado de introspecção que leva ao autoconhecimento.
Esses achados têm atraído a atenção de profissionais de saúde mental, que estão começando a considerar a ayahuasca como uma opção complementar no tratamento de distúrbios emocionais.
Comunidades e Redes Sociais
As redes sociais desempenham um papel importante na popularização da ayahuasca, permitindo que pessoas compartilhem suas experiências e conectem-se com grupos e comunidades que praticam o uso da bebida.
A criação de grupos e fóruns online onde os interessados podem trocar informações e experiências fortalece a cultura da ayahuasca, promovendo uma rede de apoio e encorajamento para novos participantes.
Rituais Urbanos com Ayahuasca em São Paulo
A introdução da ayahuasca no contexto urbano, especialmente em cidades grandes como São Paulo, trouxe à tona uma série de rituais burocráticos que diferem significativamente do uso tradicional entre os povos indígenas.
Enquanto, em suas comunidades de origem, a ayahuasca é uma bebida consumida em contextos cotidianos e espirituais, nas cidades, seu uso religioso é cercado por regulamentações e práticas específicas que visam garantir a segurança e a integridade dos participantes.
Regulamentação e Regras Estritas
Desde 2010, o Conselho Nacional de Drogas (Conad) regulamenta o uso da ayahuasca em todo o Brasil, estabelecendo um conjunto de diretrizes que devem ser seguidas por todas as entidades que realizam rituais.
Essas diretrizes, fruto de mais de uma década de pesquisa, incluem mais de 46 itens que proíbem, entre outras coisas, a comercialização da bebida e o uso da ayahuasca como terapia fora do contexto da fé.
Além disso, recomenda-se que as entidades avaliem os novos participantes, considerando fatores como alterações mentais anteriores e o estado emocional dos adeptos.

Preparação para os Rituais
A preparação para a experiência com ayahuasca é uma parte fundamental do processo.
Os coordenadores dos rituais são responsáveis por explicar aos participantes o funcionamento do chá e o que pode acontecer durante a cerimônia.
É comum ouvir que “com a ayahuasca é sempre a primeira vez”, ressaltando a natureza única e imprevisível de cada experiência .
Além disso, os participantes são orientados a seguir uma dieta rigorosa de pelo menos 72 horas antes do ritual, evitando álcool, carne vermelha e comidas pesadas.
Estrutura do Ritual
Durante os rituais, os organizadores preparam o ambiente, disponibilizando colchonetes, baldes e outros itens que podem ser necessários, dado que as reações à ayahuasca variam amplamente de pessoa para pessoa.
Os participantes pagam uma taxa que varia entre R$ 60 e R$ 150 para cobrir os custos do ritual.
Essa abordagem prática e atenta às necessidades dos participantes demonstra um esforço para criar um espaço seguro e acolhedor, mesmo em meio à complexidade das normas que cercam a prática.
A Transição de Rituais Indígenas para Urbanos
Historicamente, o uso da ayahuasca foi adaptado às práticas cristãs, especialmente através do Santo Daime, fundado por Mestre Irineu no início do século 20.
Desde então, outras doutrinas surgiram, como a Barquinha e a União do Vegetal, que também incorporaram a ayahuasca em seus rituais .
No contexto atual, muitos xamãs urbanos veem a ayahuasca como uma ponte para reconectar o homem moderno com a sabedoria ancestral da floresta, mesmo que isso ocorra dentro de uma lógica capitalista.
Consciência Ecológica e Conexão com a Natureza
Essas práticas não apenas oferecem uma experiência espiritual, mas também promovem uma consciência ecológica.
A conexão com a natureza é enfatizada como uma maneira de revalorizar a presença dos elementos naturais em nossas vidas, lembrando-nos que todos somos parte de um ciclo maior .
Essa ressignificação do uso da ayahuasca em um ambiente urbano reflete um desejo de buscar significado e espiritualidade em meio à correria da vida contemporânea.
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